segunda-feira, 31 de maio de 2010

As areias brancas

É muito bom voltar à cidade onde você passou anos da sua vida depois de ficar bons tempos fora. Você sempre vê que nada de mais aconteceu, o Rio Formiga ainda passa (embora esteja cada vez menor), o Cristo ainda está no lugar e a Praça da Matriz continua a mesma, exceto por este fim de semana, quando o Festival da Linguiça tomou o nosso habitat natural pela quinta vez.
Parece que a cada ano o festival fica melhor. E o mais legal de tudo é que agora, a Prefeitura usurpa o nosso "muro das lamentações", mas nos fornece um espaço para nos reunirmos da mesma maneira que fazemos todas as noites e, o que é melhor, ainda fornece um equipamento de som para nós mostrarmos nosso talento musical. O Espaço Jovem, coordenado pelos membros da Ordem DeMolay ("), Filhas de Jó (.:.), Interact (IC), (RCT) e EJC (Encontro de Jovens com Cristo) ownou com a programação cultural escassa alternativa do lugar. Tinha som para agradar a todos, desde os otakus (com a minha banda \o/) ao pessoal "normal" que adora MPB do EJC.
Pude conhecer um monte de gente que nunca tinha visto, como as .:. (até então eu só conhecia a Lorena e a @gabicarantes), o Banana, rapaz muito gente boa e "very cool", e as mulheres bonitas do EJC, os novos integrantes (cada vez mais surgidos "do nada") do IC e os futuros (espero) novos integrantes do RCT. Também pude (finalmente) aprender o nome do rapaz que tanto me chamou a atenção no primeiro Anime Day (cujo o qual eu nem vi na segunda, embora saiba que ele estava lá com toda a certeza). Foi muito massa! E pensar que na primeira edição do festival a gente se reunia sentados naqueles bancos importados da Alemanha (que têm uma engenharia muito nada a ver [sempre quis falar isso]) xingando pelo fato de haver um monte de vovôs comendo variados pratos de linguiça ao som de uma seresta mais anos 70 no lugar onde a gente se divertia ao som de rock'n'roll...
E por falar em rock, o show da Tríade foi "triafudê" (^^). Inclusive, a camisa ficou muito boa mesmo (devo adquirir a minha nesse fim de semana). Que bom que o Thiago Maia animou voltar a tocar, espero que ele continue. Adorei as músicas novas e a nova roupagem, mas a melhor música na minha opinião foi o cover de "Use somebody" do Kings of Leon. Somente quem sabe as condições sob o qual o show foi realizado, pode dizer o quanto foi emocionante.
Por fim, agradeço muito à Patrícia por ter transportado nossos instrumentos para o show. Percebi que ela não estava muito animada para sair de casa (tanto que nem o fez nesse fim de semana). Não descobri o motivo de tal desânimo (mesmo depois de conversarmos cerca de duas horas no carro [do pai] dela), mas agradeço pela disposição de nos auxiliar nessa tarefa. Ainda me pego pensando até hoje, se as coisas tivessem acontecido de outra forma, como será que estaríamos hoje? Aquela virada foi um fato realmente marcante. Será que eu deveria ter esperado mais do que aqueles 15 minutos? Talvez eu ainda esteja esperando até hoje...

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Sobre viagens, carros, e quadros

Hoje completa um mês desde que vim para Belo Horizonte. "Putz! Isso é muito tempo!" - exclamei ao pensar no fato. Nem tinha percebido que já fazia todo esse tempo. As coisas aqui estão fluindo tão bem e numa paz tão grande que o tempo tem corrido livremente para mim. Trabalho alegre, vou para casa descansar de bem com a vida, às vezes me aventuro a ir ao Centro atrapalhar os estudos do Gabriel Belo ou encontrar os amigos para um bom papo na Praça da Liberdade. Acredito que já ampliei bastante o meu leque de amizades nesse tempo e espero que ele continue crescendo.
Nesse período, nada fora do esperado aconteceu comigo, pelo menos na capital dos mineiros, mas acredito que na Cidade das Areias Brancas a coisa não está mais a mesma (em certos pontos). Há uma incerteza sobre o que vou sentir quando voltar à minha terra depois de três semanas fora. Até semana retrasada, eu não tinha passado nenhum fim de semana em Belo Horizonte desde que vim para cá, mas depois de passar o primeiro pude perceber que não é tão ruim como eu imaginaria que fosse. Confesso que ainda sinto muita falta da Praça da Matriz. Passar domingos sem ir pra por volta de 7 da noite e escutar MP3 ou jogar DS enquanto observava o movimento das "minichickens" me fazia muito bem.
Confesso que eu mesmo fiquei surpreso com o comentário da Geralda (uma colega de trabalho [additional content supresed]) hoje quando estava chegando ao trabalho. Ela achou estranho o fato de eu estar vindo à pé (será que ela pensa que todo mundo tem automotivos?) e me perguntou se eu morava perto. À sombra da minha resposta afirmativa ela disse algo como: [Edit: Com sotaque baiano] "Pois é, um dia eu estava vindo [de carro] ali na Antônio Carlos, logo depois de virar a Abrãao Caram, e me deparei com um menino todo feliz, caminhando tranquilamente no passeio da UFMG. Aí eu pensei: 'Gente, aquele menino parece o Ari'." "Era eu mesmo, rs" - interrompi. Realmente, eu não consigo esconder meus sentimentos.
Segunda-feira, eu iniciei uma nova etapa no meu novo trabalho. Depois desse período de adaptação, no qual pude conhecer as pessoas com quem trabalho e entender o funcionamento básico da máquina administrativa, comecei um novo desafio. Minha próxima missão será assessorar o próximo diretor da Escola de Música, pessoa com quem terei contato direto a partir dos próximos dias. Carrego um pouco de receio, mas acredito que a confiança que está sendo depositada em mim dará enormes motivos para eu oferecer o máximo de mim.
Sei que a qualificação profissional será importante e é com isso que eu devo me preocupar agora. Tenho de ir em busca dos conhecimentos que serão necessários na minha área de atuação enquanto ainda estou novo e tenho "gás" para estudar. Quase fiz minha inscrição no vestibular do curso de secretariado da Newton Paiva, que aconteceu no domingo passado. É como diz o Yasu em capítulo de Nana: "Sentir a responsabilidade faz você ter conciência sobre sua importância". Mas por hora, não é tempo de buscar o conhecimento universitário, embora ele faça falta de vez em quando. Tenho de me estabilizar antes para depois investir nisso.
Dessa maneira, não poderei me dedicar ao Curso de Especialização em Artes Visuais como tinha previsto. Embora seja um curso à distância, os encontros presenciais são de suma importância e vai ser complicado participar de todos as aulas. De certo, eu gasto um tempo na internet que poderia ser convertido em minutos de estudo na plataforma do curso, mas não estou tão motivado a estudar Artes Visuais agora que assumi um cargo público que me deixou muito satisfeito (talvez se eu estivesse trabalhando na Belas Artes [não, eu não queria trabalhar na Belas Artes] eu teria mais vontade de me dedicar [por hora eu prefiro me dedicar a aulas de piano, mas falo sobre pianos em outro post]).
Semana que vem recebo meu primeiro salário. Espero que os formiguenses em Belo Horizonte não estejam acreditando que eu vou mesmo levá-los à churrascaria do cheiro saboroso próxima à Praça da Liberdade (senão, terei sérios problemas com isso). Espero que o meu legado de pedir dinheiro à mamãe passe a se inverter a partir da próxima semana. E por fim, espero começar a tirar carteira para entrar no mundo da Geralda (rs), afinal, transporte público aqui em BH é funcional, mas muito tenso.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Liberty Square downtown

A Praça da Liberdade é mesmo o S2 de Belo Horizonte. Toda vez que vou para lá, sinto uma paz incrível. É como diz o Udora na música que leva o nome do lugar: eu sonho estar recomeçando quando estou lá. Ontem, encontrei com o Gabriel, o Thlls e o Muppy-senpai. Foi a primeira vez que eu e o Muppy pudemos conversar sem preocupações (e se não fosse ele ter lembrado, passava de 10 horas e a gente só ia chegar em casa muito tarde). Parei para refletir as coisas que têm acontecido na minha vida e notei que tenho dado importância a coisas bem simplórias, com as quais eu nem deveria estar preocupado e estou esquecendo de coisas mais importantes.
Minha família se encontra em total desestabilização (poucos sabem), mas eu aqui em Belo Horizonte fico tão "away" dessas coisas que, por incrível que pareça, isso só me incomoda quando vou dormir e lembro de orar para que kami-sama proteja aqueles que são importantes para mim. É paia dizer, mas me afastei do seio familiar na hora certa, não sei como estaria me sentindo se ainda estivesse em Formiga.
O trabalho essa semana foi mais tranquilo. Estamos passando por um período de transição na Escola de Música e é difícil determinar o que vai acontecer daqui para frente, mas posso adiantar que coisas boas me aguardam (e que isso vai me afastar mais da internet [por isso, estou aproveitando o tempo que tenho para {além de falar bobagem no Twitter} escrever este post], portanto, aguentem minha chatisse mais um tempo, por favor).
E já que eu comecei citando Udora, termino com um trecho da música "Fugi desse país" do Ludov, outra banda brasileira, que expressa bem a minha relação com Formiga nesse momento. E para tranquilizar minha mãe que têm ficado muito preocupada com a minha mudança: "Deu vontade de voltar pra te dizer que as opções ainda estão aqui. Vou construir uma família como a gente quis. Quem tem menos faz bem mais que nós por si. Essa cidade não conhecerá meu fim. O que procuro encontrarei dentro de mim."
PS: A quem interessar a música aqui segue um link onde você pode ler a letra e assistir a um vídeo dela: Ludov - Fugi desse país.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Declaração de amor

Depois de duas semanas no serviço público, tenho de dizer que a burocracia já está me irritando. Já imaginou se pra namorar alguém fosse preciso redigir um requerimento?

Ariálisson de Freitas Fonseca, brasileiro, solteiro, secretário executivo da Escola de Música da UFMG, ainda sem matrícula de funcionário, inscrito no CPF sob um número de nove dígitos ligados por hífen a dois numerais, portador de um registro de identidade de número qualquer, residente e domiciliado na cidade de Belo Horizonte, numa rua irrelevante da Pampulha, em um conjunto de apartamentos onde há um gaiteiro talentoso e um gato que mia incessantemente na madrugada, vem respeitosamente requerer que lhe seja concedido o direito de amar a vossa senhoria com o mais puro dos sentimentos que carrega em seu coração já numerado, pois você é para ele uma pessoa muito importante, ao lado da qual pretende manter os laços constituídos entre ele e vossa senhoria por longos dias de sua vida.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Quer melhor “declaração de amor” do que esta?

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Anime Day

Sou o cara mais suspeito para falar do Anime Day em toda a blogosfera. Para mim, o evento superou as expectativas e foi realmente um sucesso. Na minha opinião, teve dois pontos falhos: a demora na abertura dos portões causada pelo atraso de alguns staffs e a falta de materiais em alguns pontos e a (des)organização do Concurso Cosplay, que só saiu devido ao auxílio da Paty-chan e da Dani Taylor. Obrigado mesmo, meninas, se não fosse por vocês, não haveria concurso. Fica a experiência para melhorarmos o profissionalismo nas próximas edições.

Tenho que agradecer muito à banda You-Ki-K.O. que aceitou tocar sem nenhum ônus. Fiz de tudo para oferecer todo o suporte que uma banda profissional merece, mas não consegui. Mesmo assim, não ouvi nenhuma reclamação dos membros da banda (nem de terceiros). Espero que eles tenham realmente gostado do show. Vou revelar publicamente que, no início, eu achei, sinceramente, que eles não viriam, tanto que acabei me dedicando ao projeto da J-Rock Power por acreditar que nós seríamos a única banda do evento, mas tudo acabou dando certo e o show só não foi melhor porque o povo da O.D.A. teve de ir embora mais cedo.

Por falar no pessoal da O.D.A., nenhuma palavra define melhor a participação deles no evento do que esta: f.O.D.A. Desde o início, eles acreditaram em nós e me aceitaram no grupo deles, mesmo eu não sendo de Divinópolis, permitindo que o nosso evento tivesse uma proporção maior na região.

Agora, pra quem acha que foi marmelada o Wetin ter vencido o concurso, sejam sinceros: por acaso tinha algum cosplay melhor que o dele? O único que estava em nível de competir com ele era o Stormtrooper que apareceu (e que infelizmente não levou nenhum prêmio graças à confusão na apresentação). Outras duas coisas foram impressionantes no Concurso Cosplay. A apresentação de luta dos garotos de Sasuke e Rock Lee foi muito bem bolada. Aquele “Katon” com o Yusuke passando foi muito engraçado e só pelas horas que aqueles garotos gastaram ensaiando (vocês não acreditam que eles fizeram de um dia para o outro, não é?), merecia um prêmio. Por fim, o “Maria Madalena” foi realmente muito criativo (só podia ter vindo dos meus amigos do MK Vera mesmo). Pena que quase ninguém entendeu (entenda “ninguém” como a geração que nunca jogou o primeiro Mortal Kombat).

Estou realmente impressionado com os pedidos de “quero mais” da galera que compareceu. Por hora, só posso adiantar que não sei se será possível realizar uma outra edição do evento porque os anos passam, as prioridades mudam e eu agora estou morando em BH, o que complica ainda mais. A F Four foi criada apenas para promover este evento, preciso discutir com meus companheiros sobre novas demandas.

Por hora, quero apenas participar do glorioso Anime Friends para enfim comprovar o que é um evento otaku de verdade (e completar 75% das minhas metas para este ano). Adoraria iniciar um novo projeto em agosto, mas, como diriam os já estintos Paquivermes Escarlates: “Agosto é o mês do tira-gosto”, e até lá muita coisa vai rolar.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Curva da Liberdade / A noite de ontem

Quem acompanha este tão pouco atualizado blog, deve ter percebido que já realizei quase 50% das minhas metas para este ano, o que me deixa muito feliz. Agora, mesmo se o ano acabar neste momento, não terá, de todo, sido ruim.
Confesso que tenho andado calmo ultimamente, mesmo com a iminência da realização do Anime Day. É muito bom ver uma coisa que você vem planejando há tanto tempo se concretizar. Como vim para BH meio de supetão (vide post anterior), não tive tempo (nem meios) para escrever sobre minhas primeiras impressões sobre este novo mundo, mas boa parte delas está no meu Twitter, portanto não vou falar muito sobre elas aqui.
Este fim de semana ainda volto a Formiga para a realização do Anime Day, mas depois passarei meu primeiro fim de semana na capital dos mineiros. Esse local aqui para mim tem sido só alegrias. Longe do marasmo que é a Cidade das Areias Brancas (hoje já sujas) na qual eu nasci. É muito bom voltar para a sua terra e reencontrar os amigos, mas não podemos degustar esse sentimento se não sairmos de nossa terra natal.
Hoje vislumbro com olhos de menino o futuro que me espera na curva da vida. Isso me traz uma enorme felicidade, coisa que gostaria de compartilhar com todos que, de certa, forma, são especial para mim. Continuo sem net no meu apartamento, mas o Ricardo, um dos meus companheiros, tem me emprestado seu Mac (tecnologia um pouco avançada para um rapaz tímido do interior) para eu manter contato com meus amigos.
E enquanto continuo sem comunicação direta em casa, vou lendo meus mangás, escrevendo pequenos textos em folhas de papel para distrair. Um deles foi escrito na semana passada, mas somente hoje pude digitar e, para não perdê-lo no tempo (como minha mãe fez com algumas composições dela do tempo que ela cursava Premem aqui em Belo Horizonte) resolvi publicá-lo no meu blog. É altamente introspectivo, mas não há nenhum “código” que deve perturbar nenhum dos meus amigos (o que justifica o texto introdutório que vocês acabaram de ler).
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Chegou à casa cansado. Procurou a cama para descansar. Suas necessidades fisiológicas o fizeram ler. Uma nova vida, uma nova etapa. Procurou não pensar nisso. Lembrou-se do passado, mas não teve com quem dividir. Era a tal solidão que havia procurado a tantos anos.
Deitou-se para ouvir calmamente o caos urbano. Aquele barulho o acalmava; o silêncio lhe doía. Ao fundo uma doce gaita compunha a trilha sonora. Um artista diperdiçado em meio aos emaranhados de concreto. Sentiu-se como um personagem do cinema, daqueles que procura a lua para se encontrar. Por falta do que fazer, resolveu deitar-se, enquanto a música o ninava. Adormeceu.
Uma hora depois, outro som o acordou. Sonolento, não percebeu o que se passava. Aquele som o encheu de perguntas. Muitas delas, ainda não sabe responder. À medida que o tempo passa, mais questões invadem sua mente, mas espera encontrar suas respostas muito em breve.