terça-feira, 29 de junho de 2010

A marca de batom

Há exatamente uma semana, dei-me conta de algumas coisas que não tinha percebido até então. Primeiro: fazia bem já duas semanas que eu não voltava a Formiga. Segundo: fazia já uns bons dias que sequer conversava com a minha mãe. Terceiro: fazia uns bons dias que sequer eu entrava no MSN para trocar ideia com os meus amigos. Tendo em vista esses fatores, decidi arriscar o resto (que já não mais existia) do meu orçamento para ir à minha cidade natal matar a saudade de tudo e todos.
Bem já disse o poeta que "as aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá". Pois bem, as situações que aqui eu vivo não as vivo como lá. Como bem disse o Professor Wálisson Dias (nosso amado "Lalinho") em seu blog, há situações que só acontecem em um grupo de amigos ou em seriados de comédia. Meu sábado foi contemplado com uma dessas situações que deixam sua cara pálida, rosa, vermelha, azul... para só depois voltar ao normal. Eu já tinha ido à casa da Patrícia (desculpa por insistir em te chamar assim) outras vezes, mas nunca com uma turma tão volumosa como a daquele dia.
Confesso que a saudade que sentia dela era um pouco maior, mas não vou perder tempo explicando os motivos disso. Abracei-a como se não a visse há mais de um ano (e não fazia nem um mês, se não me engano) sem pensar nas consequências que isso poderia causar. Não pretendia entrar em sua casa, porque sempre tive a impressão de que ela fosse pequena (talvez pelo tamanho de seus habitantes) e não comportaria os cinco indivíduos que foram buscá-la para uma ação generosa na Pastoral da Criança. Entretanto, pela insistência do senhor Luís André e do Lalinho (quem eu acredito que estava querendo conhecer a Beatriz, irmã da Paty, sabe-se lá por que), adentrei sua residência com todo o cuidado para não supitar qualquer elemento de seu interior.
Encontramos a mãe da Paty  na cozinha (essa parte merece um bom parêntese, a mãe da Paty foi uma das maiores surpresas que eu tive quando fui lá pela primeira vez. Eu a imaginava como uma senhora enrugada e má como aquelas vilãs dos desenhos da Disney, devido às descrições que tinha dela, e ela na verdade exibia uma expressão tão serena e calma que não condiz com as descrições de personalidade que a Paty sempre me falou). Ela disse que ficava feliz de ver a filha dela andando com gente que a faz tão feliz e de repente parou os olhos sobre o meu braço esquerdo.
Lá estava uma mancha em vermelho vivo que a intrigou. Perspicaz, ela percebeu quase que imediatamente que se tratava de uma marca de batom. Mais perspicaz ainda, Patrícia irrompeu numa frase aguda que encheu toda a cozinha: "Ai! É o meu batom!"
Deveria eu rir? Deveria eu chorar? Deveria eu sair correndo para o banheiro e limpar aquilo antes que o assunto rendesse mais? Não. Já era tarde. Meu cérebro já não tinha mais capacidade para raciocinar uma solução. A única coisa que pensei foi em beber um copo de água para aliviar a tensão daquele momento e partir o quanto antes para a Pastoral com a desculpa de que já estávamos atrasados (o que não era mentira).
A marca de batom me fez pensar mil coisas e eu cheguei à Pastoral numa terrível tempestade cerebral. E por que motivos eu não notei aquela diferença antes de sofrer bullying (assim como não notei que ela cortou o cabelo antes do Carnaval daquele ano...)? Confesso que me esforçava para notar as diferenças no visual dela, mas hoje percebo os motivos de não ter notado tantos sinais sutis que apareciam naquela época. Contudo, aquela casa, apesar de ser engraçada, ter teto, chão, paredes e lugar para fazer pipi, o único bobo da rua em que ela fica era eu mesmo.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Escancarado

Quando há semanas atrás eu descobri que o Mineirão seria presenteado com um show do Skank para a gravação do próximo DVD da banda, passou-me pela cabeça que seria uma ótima oportunidade de me divertir com os meus amigos e a minha última chance de conhecer o gigante dos mineiros antes que ele seja fechado para as reformas da próxima Copa do Mundo. Decidi comprar os ingressos e depois revender entre os meus amigos que estivessem interessados na ideia.
Descobri, entretanto, que os ingressos não estavam sendo vendidos e sim trocados em ações de marketing, mantidas pelos patrocinadores do evento. A princípio isso era uma maravilha, pois com apenas dois quilos de alimento, por exemplo, você poderia assistir a um grande show de uma banda conceituada nacionalmente. Contudo, as maneiras mais fáceis de se conseguir o ingresso já haviam esgotado o seu fornecimento.
Quando a Arilda me disse numa bela noite de terça-feira que a Coca-Cola iria distribuir mais entradas na quarta, eu decidi me arriscar a buscar umas entradas. Assim, me dirigi numa ótima quarta-feira para o Carrefour Pampulha a fim de conseguir o máximo de entradas que eu pudesse retirar. Avisei minha superior que eu, provavelmente, voltaria às 15 horas porque tinha de ir pegar os ingressos (não consigo mentir, gente, é sério) e a distribuição começaria somente às 14 horas (e eu volto do meu almoço às 13). Ao som de um "pode ir tranquilo", fui todo alegre e serelepe (ui!) para o local.
Fui avisado de que poderia retirar 6 ingressos desde que eu comprasse R$90 em produtos Coca-Cola. Tudo bem. Mas que produtos eu compraria? Eu não tinha como armazenar muita coisa em casa, precisava levar tudo pra casa sozinho (falta um carro nessas horas) e não sabia o que os meus amigos gostariam de comprar. Tendo em vista tais fatores, decidi levar 6 fardos de latinha, pois era o produto menos perecível, mais fácil de consumir e transportar que lá havia. Para agradar gregos e troianos, comprei tudo em Coca-Cola mesmo porque as únicas pessoas que não tomam este xarope errado são pseudocults anticapitalismo, o que não era o caso das pessoas para quem eu poderia fornecer o ingresso (eu acho).
Coca-Colas no carrinho, me bateu a dúvida: como vou isso para casa? "Vou ter de morrer em um táxi", pensei. Nem raciocinei se haveria táxis na porta do Carrefour ou se eu teria de ligar para que algum fosse me buscar, a frase anterior já havia me tranquilizado. Aí bateu outra dúvida: 13h45 começou a crescer uma enorme fila no posto de troca, será que haveria entradas suficientes? Será que eu conseguiria as 6 que pretendia? E o sofrimento só aumentava, 14h15 e a distribuição não havia começado. Pronto! Eu estava num supermercado, cheio de coisas, com horário pra voltar e não tinha como levar nem podia voltar para o trabalho e perder a chance de ir ao show.
Aí eu olhei para trás e vi uma colega de trabalho duas posições depois de mim. Como tinha cortado o cabelo há poucos dias, ela demorou a me reconhecer. Depois, foi até legal, porque além de arrumar uma carona para a escola (que funcionou como transporte para as minhas compras), eu fiquei horas conversando com a bibliotecária Soraia sobre o lugar onde estou trabalhando.
E o resultado disso tudo é que eu fiquei com um tufo de refrigerante para beber lá em casa. Isso já fez nossa alegria em uma noite na Liberty Square e ainda restaram algumas unidades para novas oportunidades. Em retribuição ao anúncio dos ingressos, convidei minha irmã para o show. Espero que ela não tenha acabado com todas as unidades antes que eu chegue lá em casa.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Ao 'brotha' do meu S2

Cansasso, este foi o resultado do meu feriadão prolongado em Formiga. Poucos feriados foram tão divertidos quanto este que passou. Depois de ficar um mês experimentando novos ares e começando minha jornada solitária na capital dos mineiros, viajei para minha terra natal com um único propósito: me divertir. Como de prache, a recepção foi na Praça da Matriz, que já sofria os primeiros ventos do inverno. Para esquentar (e comemorar o inverno as bonanças dessa nova vida), brindamos com cerca de 15 litros de vinho. Considerações: Acho que nunca bebi tanto de uma só vez e foi muito pouco comparado ao que o povo fez.
Diverti-me bastante com partidas eletrizantes (bem ao estilo "Narrador da Sessão da Tarde") de Pokémon e Magic: The Gathering. Card Games para mim sempre foram uma distração que me faz esquecer os problemas da vida sem o uso de substâncias químicas. Porém, a maior sensação da Praça no fim de semana foi o MK Cards. Bastou o Ácaro Boy Marcelo fazer uma carta para me zoar gratuitamente que o negócio virou febre e despertou o veneno (há algum tempo apagado) mkverano. O assunto das noites frias do Pato Rocco da Praça eram os cards elaborados com o mais sublime do que já foi destilado no grupo.
O vento cada fe mais congelante nos fez procurar uma residência aconchegante para nos abrigar no sábado e, como somos muito gente boa e não nos desfazemos de ninguém, decidimos nos reunir na casa do Marcelo Doente Rodarte, integrante do grupo que fica imposiblitado de sair de casa devido aos problemas sexuais respiratórios que ele desenvolveu por ser um menino que passava o tempo todo em casa jogando video-game com baixa imunidade. Como ninguém havia levado filme algum para a gente assistir na TV widescream da Mariazinha, tivemos de nos contentar com o filme do Super Cine (que por sinal era até massa de tão ruim). Legal foi o Thlls, que acreditava não haver versão pior do Adrelina e pode constatar o contrário depois de ver a versão dublada e com cortes da Globo.
Provavelmente, volto a Formiga dia 26 desse mês. Até lá, peço aos meus amigos que arranjem uma residência para um programa de sábado à noite (porque Praça nesse frio é um perigo até para quem não tem Rodarte no nome).